Frio na barriga.
Estranha sensação que me dá quando sinto que o mundo está prestes a girar.
Pra todo o mundo, o mundo gira, dá voltas.
Mas quando é comigo, meu amigo..
Fico tonto, perco o ar.
Me some o chão.
Encontro alguns minutos depois, e lembro que é chegada a hora de soltar.
Saltar.
Aperto no peito.
Dois dedos de cachaça pra esquentar.
Dois terços além da conta.
Acho que vou ter de pendurar.
Pendurar sapatos pelo asfalto.
Perdurar sorrisos lá do alto.
Lá, de onde eu não consigo voltar.
Ainda nem fui, na verdade.
Não foi.
Continua aqui, à me acompanhar.
Sabe que é bem vinda.
Talvez por isso, insiste tanto em me alugar.
Pois aqui, sempre estará em casa.
Já nem me preocupo mais em fazer sala.
Chega sempre do mesmo jeito
Fulminante, algoz.
Serena de vez em quando.
Chega e fica.
Até o sol sair pra trabalhar.
E então os sinos param de soar
O barulho do mundo, que outrora era de se admirar, começa a chacoalhar notas dissonantes por todo o meu corpo.
Mais dois dedos.
Dessa vez, um de café e outro pro coletivo que acabou de apontar lá na dobra da avenida.
Foi embora, assim despercebida.
Foi sem despedida.
Foi, mas logo bate aqui na porta.
Até que enfim, cheguei no meu lugar.
Dois dedos de alguma coisa pro estômago não reclamar.
Suspiros, olhos cansados, fixos no teto sujo de tinta azul.
Despertador atento.
Nada mais além do silêncio.
Somente eu e meu corpo exausto prestes a se desligar.
Marcos Felipe.
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