Mais uma noite despretensiosa.
Cinza como tantas outras que passei.
A ideia era a mesma, as pessoas eram as mesmas.
Quase tudo já era esperado, até o acaso resolver aparecer.
Mas tudo bem, não mudou muita coisa.
Até então, o plano era o mesmo.
Convite feito, resposta acanhada e acompanhada de um sim quase não.
Receio esquisito de ambas as partes.
Silêncio quebrado com velhas, novas e repetidas histórias.
O tempo chegou e foi embora, mas confesso não ter sentido falta.
Vontade imersa em doses de vodka e muitas palavras que brincavam de se encaixar no ar.
Quatro horas, com mais alguns minutos aleatórios e uma madrugada pela metade.
Quanto tempo tem que já não sei do tempo?
Não vi você chegar, também não me lembro de ver você ir embora.
Esquisito foi notar que já faz tempo que o tempo vem passando
e só agora me dei conta de que seus olhos de menina, mudaram de cor.
Eis a minha indagação mais profunda e incômoda que acabara de surgir:
O que fazer ?
Congelei por alguns segundos pensando em tudo que estava acontecendo naquele momento.
Mais um devaneio torto e aleatório que eu criei, ou realmente algo estava diferente ?
Não sabia (e ainda não sei) transformar essas interrogações em pontos afirmativos.
Tudo que eu consegui pensar e fazer foi me deixar levar.
Estava tão divertido observar você dessa forma, sem seus olhos de menina.
Não me contive, tentei te contar tudo isso da forma mais simples e resumida que pude.
Hesitei. Você também. Mesmo assim, arrisquei.
Venda nos olhos e um salto mortal à beira de um precipício.
Quase tudo era esperado, menos essa sensação de estar revoado.
Pairando sobre o ar.
"Espero que você não se esqueça disso amanhã."
Tudo bem, moça.
Lembre-se você também.
Marcos Felipe.