Em que espelho perdi mesmo minha face?
vivo procurando reflexos de minha alma
procuro por diferentes olhos e olhares
um eu perdido por algum lugar.
Que o silêncio possa se estender por todo o percurso da madrugada. Passo os olhos no espelho procurando qualquer palavra que possa me explicar absolutamente o significado do não-amor... que me revele o amargo, o ausente e afogue essa urgência narcisista que alcança cada pensamento meu. Passo os olhos no espelho atrás de qualquer imagem que possa me revelar a sonata em ré maior presa aqui em qualquer lugar. Mas não encontro. Mas não são nada. Só reflexos.Mais um verão que chega e vai embora.
Mais algumas voltas no relógio da vida
e tudo que eu vejo é o meu semblante
sempre fantasiado de cinza.
Diga-me, o que devo fazer pra voltar a ver o que outrora era festa?
Hoje o silêncio é soberano.
Talvez nem ele, de certa forma, aqui se encontra.
Diga-me, o que devo sentir pra ocupar o lugar que jamais pensei deixar sozinho?
Diga-me o que devo fazer para ocupar esse espaço vazio.Preenchido de um pedaço de céu claro e algumas poucas folhas de papel -cheias de nada também-Diga-me o que devo sentir pra ocupar o lugar que jamais pensei deixar sozinho. Passo os olhos no espelho e é quando me olho nele, que o vazio se torna cheio,o silêncio se amarfanha dentro de cada entranhae me suga o pouco do sentir que ainda me resta.Já não me resta.Daniela de Abreu e Marcos Felipe.